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(fotografia: Massimo Sestini)
No
Olimpico di Roma Tiziano Ferro
cantou duas vezes em 2009, mas o estádio naquela ocasião era em
'capacidade reduzida' « Eu fiz aqueles shows frente à uma curva
[limites devido à gravação do DVD]» relembra.
« Mas dessa vez terei todo o estádio para mim.». Para realizar a
sessão de fotos da capa,
Tiziano e Massimo Sestini se aventuraram, arriscando-se, em um local
de Roma quase que inacessível. Tiziano olha várias vezes em direção ao
Olimpico que, daqui de cima, talvez, dê menos medo. E confessa: «Há três
anos atrás eu não gostei verdadeiramente».
Por que não?
«Porque
não estava sereno, não tinha terminado ainda aquele percurso
psicológico que hoje me permite viver a vida plenamente, compartilhando-a com todos».
Ao rever aquelas imagens não notamos sinais de infelicidade.
«Porque
no palco eu estava bem, o ruim vinha depois. Assim que saía dos shows,
desanimava, ficava triste. Ao invés de sair para festejar com a banda e
meus amigos me entocava no quarto. . Naquele tempo estava em completo
conflito comigo mesmo, me perguntando porque como nunca tanta gente ia
aos meus shows. Entrava em cena nervosíssimo e pensava:"Mas vocês tem
certeza?". Desta vez, porém, andarei os metros dos camarins ao palco com
grande serenidade, alegria e vontade de compartilhar».
Você tem em mente alguma surpresa para o show de 14 de julho?
«Espero
ter um grande convidado romano, mas não posso ainda revelar seu nome. E
depois pegarei a escadinha e chamarei alguma 'jóia'. Não quero que
sejam fãs de outras cidades, mas quero que este show seja um pouco
especial. Porque volto para casa e quero agradar de um modo especial.».
Até o momento como o público dos shows receberam as músicas do seu novo álbum «L’amore è una cosa semplice»?
«Descobri
que algumas músicas chegaram aos fãs com uma força maior do que eu
esperava. E por causa dessa resposta escolhi o novo single».
Qual música você escolheu?
«A
música que fecha o CD,“Per dirti ciao!”. O público canta como se fosse
uma de minhas músicas históricas. Mesmo sendo ritmada é uma música
malincônica. Nasce da carta de uma jovem viúva, que me contou como as
minhas canções fizeram parte da sua história de amor vivida com o
marido».
Uma música pode mudar a vida?
«Eu
desejo e espero que as minhas possam sugerir algo positivo às pessoas.
Nos meus textos falo da minha vida e a coloco como exemplo, para o bem e
para o mal. Eu mostro as minhas cartas, porque se depois alguém quer
usar minha maneira de jogar, assim fará. Talvez sirva para evitar
qualquer erro».
Hoje, quando canta as músicas de dez anos atrás, o que sente?
«Tenho
carinho pelas músicas mais antigas, as escrevi entre 17 e 20 anos
quando nem pensava que um dia as publicaria. Refletem o período da vida
que você é dominado por sentimentos extremos como a inconsciência, a
vontade de sumir, o medo de não fazê-la, todos sentimentos que agora
derrotei. Por exemplo ainda canto “Imbranato” mas não me sinto mais
assim».
E «Xdono», o primeiro sucesso?
«É uma música
que gosto, que me permitiu de chegar aqui, mas agora a canto por
exaustão. É como pedir pro Jovanotti (cantor italiano) cantar “È qui la
festa?”. Na verdade neste ano no show a repaginei com a coreografia de
hip hop».
E qual música você tirou do show?
«A mais famosa é “Scivoli di nuovo”. Tem um texto tão triste que não consigo mais identificar-me. E por isso a abandonei.».
Uma
vez você disse à Sorrisi que com as músicas podia dizer coisas que
nunca teria coragem de dizer 'na cara das pessoas'. Ainda é assim?
«A
música é uma boa maneira para dizer as coisas, a minha preferida, mas
agora não é a única. Existem duas grandes forças: a síntese e a
capacidade de chegar em pouco tempo no dia-a-dia com a rádio, a TV e a
Internet».
A propósito, você frequenta pouco as redes sociais. Por quê?
«Na
verdade não frequento nada. Tentei com o Facebook mas foi uma
experiência falida. Twitter nem sei como se faz e não tento descobri-lo.
Deixo que se ocupem das minhas páginas oficiais meus amigos de casa
discográfica, os meus fãs sabem disso».
[É verdade, sabemos mesmo!]
De onde nasce essa aversão?
«Para mim as redes sociais representam uma
invasão legalizada da privacidade,
a maneira mais sutil e legalizada de fazer 'stalking' (perseguir).
Porque é verdade que você em teoria decide as informações que quer
compartilhar e com quem, mas não é bem assim. Cada um faz o que bem quer
se quiser fazer e é uma coisa que me aterroriza por vários pontos de
vista. Também porque, apesar de todas as melhorias que consegui para
minha pessoa e à minha personalidade nos últimos dois anos, eu permaneço
um tanto reservado e afastado».
Você sempre teve problemas com a fama. A situação melhorou?
«Não
muito, mas é uma relação de amor e ódio com a qual aprendi a conviver
serenamente. O sucesso terá tantos efeitos negativos mas proporciona um
bom meio para fazer aquilo que gosto».
A fama. como no caso da Amy Winehouse e Whitney Houston, pode também matar…
«A
morte de Amy me abalou, também levei flores ao cemitério hebraio ao
norte de Londres. A conheci antes que ela fosse famosa, quando ainda se
exibia nas casas de Camdem. Já nesse tempo ela sempre estava embriagada,
mas sei porque ela fazia isso».
Por quê?
«Quando
um anestesia a si mesmo tanto assim, com o álcool, com a droga, e eu
fiz por muito tempo isso com a comida, faz isso porque tem um mundo
interior tão grande que é impossível gerenciá-lo quando se torna famoso.
Aquilo que aconteceu com ela e com a Whitney reforçou a minha convicção
que se precisa aprender a dizer não para não se tornar vítima dos
mecanismos da fama. O problema é que aquela sensibilidade, quando forte
demais, te leva a pensar que dizer não é um erro e te faz parecer uma
pessoa presunçosa, ruim e ingrata. Pelo contrário, os 'nãos' são uma
maneira para instaurar um belíssimo relacionamento entre você e quem
está ao seu redor. Um 'não' é um favor que acontece também à quem o
recebe».
O seu amigo Ivano Fossati, que escreveu para você a música «Indietro», saiu de cena. Você nunca pensou em fazer isso?
«Penso que o Ivano fez bem, o admiro e o respeito. O dia que eu fizer isso, não terei coragem nem de declarar nem de celebrar.
Sairei em silêncio, como os gatos feridos que não querem mais serem vistos».
[Sinto que vou chorar quando perceber que esse dia chegou...]
No tempo livre continua a escrever os seus cadernos que depois se tornam livros?
«Continuo
a escrever os cadernos, mas chega de livros. O segundo já foi um
apêndice, o capítulo que faltou e que explicava o que aconteceu depois
do lançamento do primeiro livro. Essa história agora acabou. Contei uma
linda fábula, aquela de Tiziano e do seu pequeno caixão sentimental
guardado pelos monstros. Abrimos o caixão, caçamos os monstros e todos
viveram felizes e contentes ».
É ainda está convicto que o amor seja uma coisa simples?
«Eu
continuo a acreditar, pra mim agora é um mantra. Mas é óbvio que o
dia-a-dia de uma vida em casal feita de convívio, e agora também de
separações devido à tour, complica a vida à todos, mas faz também
emergir os lados mais interessantes dos 'estar juntos', como a
capacidade de adaptar-seás situações mais extremas. Descobre, por
exemplo, que quanto se está longe faz falta também os defeitinhos que no
dia-a-dia te irritam. Enfim, nos seus mecanismos o amor pode também
não ser simplíssimo, mas simplifica a vida. Porque me faz melhorá-la».
Tradução: Adriana Silva